segunda-feira, 11 de junho de 2012

Leia antes de criticar o Conar

Parece piada, mas não é. Um consumidor realmente entrou com uma representação no Conar pedindo a suspensão do comercial da Ford com o lutador Anderson Silva por se sentir coagido a comprar um carro da montadora.


Aqui está o link do comercial. Se ficar com medo peça para um adulto assistir com você.


Não se discute a importância do Conar, a autorregulamentação do setor mantém o nível de ética e qualidade no mercado publicitário. Ninguém mais do que nós, quer o fim de profissionais desqualificados e sem escrúpulos. Mas algumas das denúncias recebidas pelo conselho são no mínimo exageradas.

Figuras comuns no Conar são os comercias de bebidas alcoólicas, principalmente as cervejas. A campanha “Bar X Casa” da Brahma foi denunciada por incitar pais de família a abandonarem seus lares, e inclusive à infidelidade.



Há casos notórios, como a representação contra a Hope. A campanha em que Gisele Bündchen ensina a maneira “certa” e a “errada” de dar notícias ao marido foi considerada por muitos sexista e preconceituosa. Pra quem ainda não entendeu, homens e mulheres são diferentes. As mulheres não devem erguer bandeiras para serem iguais aos homens, elas devem exigir que suas diferenças sejam respeitadas.

A menos que exista uma pesquisa mostrando que mulheres compram lingerie sensual para sentirem-se mais inteligentes e politizadas, acredito que a campanha fala o que a consumidora quer ouvir, que usando Hope ela vai ficar mais sexy. Por acaso é errado a mulher querer se sentir bonita e desejada?





Exemplos como o da campanha do azeite Gallo nos fazem ler e reler um anúncio antes de publicá-lo. Na peça denunciada aparece a frase: “O nosso azeite é rico. O vidro escuro é o segurança.” A ideia era fazer uma metáfora comparando o vidro escuro com o segurança particular, figura normalmente vista como um homem forte, de terno preto que acompanha pessoas muito ricas. Infelizmente alguns entenderam que a chamada fazia alusão a pessoas brancas serem ricas e negras serem pobres.

O uso da conotação em publicidade é sempre um risco. Devemos lembrar da máxima popular que diz que comunicação é o que o outro entende, e não o que eu falo. Margens para a interpretação equivocada de uma ideia podem condenar uma campanha, e até uma marca, ao fracasso.

É claro que empresa nenhuma nos dias de hoje publicaria um texto racista intencionalmente, mas se essa interpretação é possível é porque houve uma falha gravíssima na redação. A meu ver essa é apenas uma campanha ruim e mal feita.


 Em alguns casos me parece que representações no Conar são o reconhecimento de uma campanha de sucesso. Quanto mais destaque, mais gente reclamando. É o caso da campanha dos pôneis malditos da Nissan. Foram dezenas de críticas à peça por ligar a palavra “malditos” a figuras do universo infantil.



Agora entramos em um terreno hostil, o universo infantil na mídia. Um trabalho voltado para esse público com certeza vai passar por uma análise criteriosa do Conselho. Há pouco tempo vimos a guerra entre o Conar e o instituto Alana que foi motivada por uma queixa contra a rede MacDonald’s. O instituto alega que os brinquedos que vem de brinde junto com o Mac Lanche Feliz  induzem às crianças a desejarem o kit independente da comida.


 Se começar a falar sobre isso, ao invés de um post, vou acabar escrevendo um livro. Só gostaria de colocar uma estória que ouvi quando pequeno. O velho Adams no final do século XIX havia criado a goma de mascar. Mesmo o produto sendo bom ele não conseguia vender, então por sugestão de um amigo começou a embrulhar o chiclete em figurinhas de jogadores de beisebol. E o chiclete virou febre mundial.

Nem o governo escapa do Conar quando se fala em publicidade para crianças. A campanha do ministério da agricultura que enaltecia os poderes do Super Café foi alvo de investigações e todos os benefícios tiveram que ser cientificamente comprovados.



Como vimos o trabalho do conselho não é nada fácil. É preciso muito cuidado para não se deixar levar por entidades radicais, falsas denúncias que visam prejudicar concorrentes, e em alguns casos temos a impressão de que as próprias empresas denunciam suas campanhas para conseguir maior visibilidade.

Encerro convidando todos a darem sua opinião sobre o tema e exemplos apresentados.

Muitos outros ainda podem ser encontrados em www.conar.org.br na guia “Decisões e Casos”.


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